segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Poesia: Eu Sou Cura

Boa noite (madrugada), irmãos!

Como em tudo na minha vida, esse espaço também acaba seguindo a disciplina da natureza, não a disciplina do homem, com essas palavras breves explico a minha ausência, eu não estava em um momento criativo, mas introspectivo assim como o inverno, vivi a minha Ursa interior, e agora na primavera, floresce mais um de meus muitos re-nascimentos em poesia e flor.

A minha gratidão por tudo aquilo que me inspira!

Ahá! _/\_



EU SOU CURA

És louco, tu que sentes teu corpo em terra
Tu que te elevas em ar
Tu que te fluis com água
Tu que te ardes em chamas


Tu que comoves-te, que sentes a ligação perdida
É assim que te julgam, louco
Vós que perdeis tudo o que tinha 
em compaixão a tua Mãe Terra

És louco,
tu que vês o amanhecer com glorificações ao Padre Sol

Louco, 
todo aquele que resgata a essência do cerne do Ser


Que espírito sou, se não, Terra?

Se não, Natureza?


Que milagre sou,

se não a vida que floresce, independente?
A vontade de viver que faz com que cada coisa exista
e que mantém assim, por natureza, a minha coexistência?
Que Deus mais louco se não esse que arde em vida?
Jaz a separação.

No centro da Terra há fogo,
e não há terra aonde Ele não habite em espírito
E que fogo poderia haver sem a lenha do corpo da Madre,
a mesma Terra?
Jaz a separação.


Aterro-me,
sopro-me,
deságuo-me,
e por mim, ilumino-me.

Vós que não entendeis,
vós sois a verdadeira loucura,
eu sou sano,

eu sou cura.

sábado, 11 de julho de 2015

Musicalidade Ritual - Canto

Boa tarde, irmãos!

É com imenso prazer que depois de um mês sem postar, volto falando de um tema muito querido por mim e por muitos, que sempre fez parte da minha vida de uma forma muito presente antes mesmo de se tornar algo espiritual, mas que hoje ganha muito mais significado em cada roda, em cada ritual.

Antes, também quero deixar avisado que infelizmente não consigo mais atender a essa disciplina de postagem semanal, pois mais do que o blog, tenho outros compromissos espirituais aos quais tenho me dedicado mais ativamente e sem estes não existe nem inspiração para vir aqui e escrever para vocês, pois esse blog é o resultado da minha experiência espiritual, espero que entendam essa necessidade que tenho às vezes de estar "offline".

Aproveitem, filtrem o que for bom, e cantem muito!

Gratidão! :)


MUSICALIDADE RITUAL - CANTO



É comum a prática musical em quase toda esfera religiosa, mas infelizmente cada vez mais perdemos esses saberes tão naturais nossos, devido a uma castração constante da nossa criatividade, intuição e emoções nessa era de "capitalista-robozinho", onde aprendemos apenas a consumir, obedecer e reproduzir...

O ponto é que a musicalidade é uma forma de oração, devoção ou meditação poderosíssima e que pode nos levar a estados magníficos de consciência expandida, sem falar nos processos de cura.

Muitas pessoas hoje em dia tem pouca noção musical, digo noção mesmo, pois música na verdade é simples, mas nosso modo de vida nos impede muitas vezes de penetrar no sentimento que é a música, muitas pessoas do meio urbano têm dificuldade para cantar, especialmente, não conseguem acompanhar os tempos, desafinam, etc.

Ok, "poxa, mas esse pessoal talvez não tenha estudado música", vocês irão pensar, ou "eles não têm o dom". Mas agora vamos lá para as Cantigas do nordeste brasileiro, para os Torés indígenas, para os Pontos de Umbanda e Candomblé mais antigos, os Linhos de Catimbó/Jurema, indo mais longe, os Ícaros e Canciones Medicinas dos indígenas latinos...

Lindas vozes, lindos cantos, formas diferentes do tradicional de se cantar, inclusive, como eles conseguem cantar assim bonito sem ter estudado música? Simples, eles não são travados, eles não têm medo de não agradar, eles cantam com o coração e não pensando se está bonito ou feio, exercem seu lado emocional do cérebro mais do que o racional, ofertam a canção como forma de prece.



Já dizia Santo Agostinho "Cantar é rezar duas vezes", com essa frase ressalto novamente a importância de "saber" cantar no ritual. Claro que além disso há os instrumentos, pessoas com mais dificuldade em um e mais facilidade em outro, e isso é natural, pois instrumentos são como ferramentas as quais se precisa aprender a manusear, mas o canto, o canto não, a gente nasce sabendo cantar, já viu passarinho não saber cantar?

Para ajudar nossos irmãos Neo Xamãs, Neo Brujos, ou qual for a denominação religiosa ou espiritual que tenham, a ser passarinho no meio urbano, deixo algumas dicas, dicas essas de uma pessoa também urbana que já foi muito mais travada, mas que sempre amou de cantar, fez aulas de canto na adolescência e é também ex-DJ de música eletrônica (hihi):

  • RESPIRAÇÃO: Para saber cantar antes é preciso saber respirar, a maioria de nós não sabemos respirar corretamente, a respiração mais correta e eficaz é a diafragmática (como os bebês respiram), onde expande-se o abdome ao inspirar, e não o peito, como o de hábito, por ser uma questão mais técnica, não vou me estender pois também existe vasto material sobre o assunto online e mais específico, recomendo também prática de Pranayamas para quem realmente percebe essa dificuldade grande na respiração.
  • TIMIDEZ: A timidez é algo que atrapalha bastante ao cantar, falo por mim, pois até hoje ainda tenho algum problema com isto, inclusive na fala, quando a gente se sente "acuado", inseguro, nós fechamos o chakra laríngeo que refere-se a comunicação, ou seja, o contato com os demais, o social, afeta principalmente e antes de tudo na garganta e cordas vocais, falamos baixo e perdemos potência vocal, trabalhar a timidez não é fácil, mas mais do que o chakra laríngeo, recomendo que se trabalhe também o chakra raiz, pois este é o responsável pela nossa segurança perante o mundo.
  • TEMPO: Com exceção da valsa e uns poucos gêneros de música eletrônica, músicas são matematicamente e exatamente divididas em 4 tempos, cada compasso (seria praticamente o equivalente a uma estrofe, ou uma frase, dependendo da música) possui 4 tempos, ou seja, você pode saber a hora certa de começar a cantar certa parte da música e cantar "no ritmo", se imaginar sempre um ritmo de 4 em 4 toques (quem faz dança vai tirar de letra), assim 1-2-3-4, 1-2-3-4... e por aí vai, ouvindo bastante música e com atenção você vai percebendo e aprendendo a cantar no tempo e compasso certos, pois cantar fora também atrapalha quem está tocando algum instrumento enquanto você canta! (Ih! :x)
  • ENTREGA: Já está automaticamente ligada a questão da timidez, mas indo mais fundo, falo da sua conexão ao cantar, de realmente cantar como uma oferta de oração e colocar todo o seu coração nessa atividade, cantar é uma arte e arte sem sentimento não é arte, mais do que isso, coloque os seus melhores sentimentos nessa canção e sempre antes de cantar é legal que faça alguma reverência ao seu Mestre Espiritual, Mentor, Guia, a Deus, no que você acreditar, e pedir essa conexão para cantar de forma devocional.
  • CONHECIMENTO: Antes de querer cantar, conheça, não só a música que irá cantar, mas a divindade ou entidade a que se dedica a canção, antes entre em contato com ela, tenha um relacionamento com este Ser de Luz e entregue essa canção como uma serenata de amor. Para amar, é preciso conhecer. Além disso, conheça como se canta essa música, por exemplo, nos pontos de Umbanda tem músicas em que um canta uma frase e os demais cantam a próxima, já no Hinduísmo quando se canta mantras geralmente uma pessoa canta uma frase e os demais repetem a mesma frase em seguida e assim sucessivamente, cada culto terá características próprias de musicalidade, é respeitoso e bonito que se procure conhecer e adequar-se ao rito para cantar da forma correta.

Pessoal, é isso, espero ter ajudado, ou pelo menos oferecido um pouquinho mais de conhecimento a partir da minha experiência, lembrando que não se trata muito de cantar bem ou cantar mal (do ponto de vista popular), cada um tem um timbre e uma característica muito pessoal e individual, mas quero mostrar que todos podem cantar, só quem não tem coração não sente a profundidade de um canto de um rezador humilde, aquele canto forte, com sotaque, e talvez algumas palavras erradas, mas firme, potente! E vamos cantar que "quem canta seus males espanta"!

Ahooo! _/|\_

domingo, 7 de junho de 2015

VII. Autocura (Você é o seu próprio Xamã)

Boa noite, irmãos!

Venho compartilhar hoje o último texto da série de artigos sobre o Xamanismo, já adiantando a novidade de que percebi que nunca haverá um último texto na verdade, rs... pois eu SEMPRE irei falar sobre o Xamanismo aqui. Mas para finalizarmos os aspectos gerais, especialmente para leigos, acredito que finalizamos um ciclo hoje. :)

Falando em novidades, finalmente estou para abrir o Canal no Youtube, que já tem nome (eba!): Mujer Medicina, lá falarei sobre o Xamanismo e Espiritualidade em geral assim como aqui, pretendo também disponibilizar alguns cantos, rezos, e áudios de meditação conduzida.

Gratidão e bons estudos, sempre! Ahooo! _/|\_

Clique para ler a Introdução ao Xamanismo.



VII. AUTOCURA (Você é o seu próprio Xamã)




E como sintoma de Nova Era, surge o Xamanismo mais do que como uma cura, como a Autocura. Como já mencionado em outros textos, isso veio a nós do meio urbano, com o advento da doutrina do Santo Daime, recebida pelo Mestre Irineu.

Ocorre que, em algumas tribos isto já era uma realidade, em outras não, e seria impossível lhes dizer hoje em quantas tribos isso funciona dessa maneira. Mas, de maneira geral, o costume era de que o Pajé, somente o Pajé (ou Xamã) consagrava os enteógenos, e a partir do contato deste Sacerdote com a espiritualidade, ele identificava a enfermidade ou o problema do "paciente" a nível espiritual e o curava.

O precedente deixado por Mestre Irineu quando recebeu a Doutrina pela visão da Virgem da Conceição, é de que todos poderiam comungar com a Sagrada Bebida, a Ayahuasca (Daime, no popular), entendendo que deste momento em diante, você será o seu próprio Xamã.

Ao meu ver, isto se reafirma nas profecias tribais, especialmente na Lenda dos Guerreiros do Arco-Íris dos índios Navajos, transcrevo aqui, um trecho de As Cartas do Caminho Sagrado de Jamie Sams:

"Quando o Tempo do Búfalo estiver para chegar, a terceira geração de crianças de olhos brancos deixará crescer os cabelos, e começará a falar do Amor que trará a cura para todos os filhos da Terra. Estas crianças buscarão novas maneiras de compreender a si próprias e aos outros. Usarão penas, colares de contas, e pintarão os rostos. Buscarão os Anciões da nossa Raça vermelha para beber da fonte de sua Sabedoria. Estas crianças de olhos brancos servirão como sinal de que os nossos Ancestrais estão retornando em corpos brancos por fora, mas vermelhos por dentro. Elas aprenderão a caminhar em equilíbrio na superfície da Mãe Terra, e saberão levar novas idéias aos chefes brancos.
Estas crianças também terão de passar por provas, como acontecia quando ainda eram Ancestrais Vermelhos...
Esta será a Linguagem que o Céu usará para nos dizer que já chegou o momento de partilhar os Ensinamentos Secretos e Sagrados entre todas as raças. Muitos Filhos da Terra despertarão para assumir a responsabilidade dos ensinamentos e o processo de Cura Planetária começará a tomar novo impulso."





Ou seja, vemos que há uma promessa de que na Nova Era muitos "peles vermelhas" estarão reencarnando entre todas as raças para firmar esta cura planetária, e a cura do Planeta não se dá senão que quando nós nos curamos internamente (Macrocosmo é igual a Microcosmo). 
Então, independentemente da doutrina ou de sermos adoutrinários, sempre daremos graças e honraremos  ao Mestre Irineu, pois ele foi o precursor deste movimento de trazer os Saberes Tradicionais Nativos para o meio Urbano, entre outros Mestres a que somos gratos, mas com destaque para ele na história da Ayahuasca.

Concluindo, hoje, até mesmo no meio Terapêutico é sempre incentivado o processo da Autocura, a você mergulhar no teu Ser, a você fazer uma autoanálise, e isso se dá de diversas maneiras, hoje você recebe (por exemplo) uma energização com fumaça de Cachimbo, e amanhã, você já é incentivado a iniciar o seu ritual de Cachimbo Sagrado para buscar você mesmo essa cura, essa conexão.

Por muito tempo confiamos a nossa espiritualidade nas mãos de um Sacerdote, porque nunca tivemos a autoconfiança e a disposição necessária para nos responsabilizarmos por nossos próprios processos espirituais, e hoje está sendo-nos dado este presente da Nova Era, está sendo-nos dada a oportunidade de assumirmos a responsabilidade por nós mesmos, este presente é a nossa autonomia enquanto consciência de que o Divino habita em cada um, e que você é capaz de fazer por você mesmo tudo o que um Sacerdote o faria se tiver disposição e fé.

É claro que cada um tem um caminho, cada um está em um processo e muitas pessoas ainda precisam passar por iniciações, pelo apoio e a orientação de um Mestre, mas isto não te tira a prerrogativa de buscar a sua própria iluminação, e ter no seu Mestre o seu Aliado e não uma "muleta", e você tornando-se Mestre de si mesmo irá apoiar aos demais também, mas no sentido de que cada um desperte a sua maestria interior, e algum dia será chegado o momento em que não haverão mais discípulos e Mestres, mas somente seres despertos.


Leia mais artigos da série sobre o Xamanismo:

I. Introdução ao Xamanismo 
II. Xamanismo e a Enteogenia (tradução em espanhol - Chamanismo y Enteogenia)
III. Xamanismo e Sagrado Feminino
IV. Xamanismo no Mundo
V. Neoxamanismo

sábado, 30 de maio de 2015

O Ciclo Feminino e a Lua

Boa tarde, pessoal!

Este artigo será mais direcionado às irmãs do que aos irmãos, mas também serve para que os irmãos possam compreender melhor suas companheiras, mães, amigas, namoradas e afins... :)
Vejo muita gente com dúvida em relação especialmente a identificar o seu ciclo como Ciclo da Lua Branca e Ciclo da Lua Vermelha (ou Negra), e intuitivamente identifiquei ambos em dois arquétipos do Tarô, e é através desta analogia que vamos compreender estas duas energias distintas.
Primeiramente gostaria de deixar as minhas mais sinceras desculpas por não estar conseguindo atender ao blog com um artigo por semana, e por conta disso, atrasei a série de artigos sobre o Xamanismo que está para finalizar, e também quero deixar o recado de que em vez de fazer uma série sucessiva de artigos sobre o Sagrado Feminino eu vou ir postando sobre esses temas aleatoriamente, pois é assim que eles têm vindo para mim (como agora, rs..), então na barrinha à sua esquerda além dos links sobre Xamanismo, daqui em diante haverá também os links sobre o Sagrado Feminino, como temas de destaque de meu estudo e trabalho.

Ofereço minha gratidão as meninas do grupo que administro no facebook "SAGRADO LIVRE FEMININO", pois não fossem as suas dúvidas, eu não teria essa inspiração para falar sobre esse tema agora, gratidão! _/|\_


O CICLO FEMININO E A LUA



É tradição ancestral relacionar o ciclo feminino com as fases da Lua, mais do que isso, relacionar todos os ciclos da vida com as fases lunares, colheita, plantio, fertilização, passagem do tempo, rituais de passagem, etc.

Não custa reforçar que a Lua exerce forte influência sobre as marés, sobre as plantas, sobre o clima, o comportamento dos animais, e o que muito se comenta sobre nosso corpo que é principalmente composto de água, mas também tal qual a toda a forma de vida, quando alinhada à natureza, acaba por entrar em ritmo, tudo na natureza é cíclico, assim como nós, e nossa vida.
Recentemente por meio das Terapias Holísticas, da volta do culto ao Sagrado Feminino e do Xamanismo enquanto Terapêutica, muitos espiritualistas e terapeutas têm atribuído curas emocionais, físicas e reequilíbrio geral através desse re-alinhamento com os ciclos naturais, e isto acaba se dando de forma mais incisiva na mulher, que vive os ciclos naturais mais intimamente, sendo todos os dias submetida pela sociedade a romper consigo mesma, com sua sacralidade, fugindo do próprio ritmo natural.


Como a Lua funciona sob a natureza vegetal e animal


















As quatro fases lunares podem ser associadas às quatro estações do ano também, mas de forma menos intensa.

Lua Nova: Quando a Lua se encontra entre o planeta Terra e o Sol, é pouco visível, pois a face que está voltada para a Terra não está sendo iluminada pelo Sol, ela aumenta a sua visibilidade diariamente.

Nos vegetais é uma lua boa para plantio e fertilização, pois precede o período de desenvolvimento e a seiva se concentra na raiz.

Nos animais, por ser uma fase escura, alguns animais aproveitam-na para a reprodução, outros já se recolhem para protegerem-se melhor dos predadores, e os mais noturnos a aproveitam melhor.

Obs.: A Lua Nova é a que marca o início nos calendários de tradição lunar.

Lua Crescente: Ângulo da Terra, do Sol e da Lua completamente retos, aparência de um "C".

Nos vegetais é uma lua também boa para fertilização e para poda, pois a seiva está subindo para caule e galhos e o corte não compromete a saúde da planta.

Lua Cheia: A sua totalidade é refletida na Terra, costuma ser de aparência grande, brilhosa e visível.

Nos vegetais é quando a seiva se concentra na copa, folha e assim dá-se origem a frutos e flores, momento bom para colheita.

Nos animais é período de aumento de caça majoritariamente, para compensar o período de lua escuro em que foi mais difícil conseguir alimento, também propício para reprodução, os animais mais noturnos caçam menos nesta lua.

Lua Minguante: Ângulo da Terra, do Sol e da Lua, novamente aproximadamente retos, desta vez diminuindo gradativamente de tamanho, ficando em forma de "C" invertido.

Nos vegetais a concentração de seiva passa a descer novamente, o final desta lua e início da Lua Nova são propícios para colher galhos e lenha pois com menor concentração de seiva eles secam mais fácil.


Como a Lua se manifesta sob a natureza humana

De forma geral, podemos dizer que a influência da Lua tanto em homens como mulheres (de uma maneira mística e psíquica) pode influenciar na ansiedade ou relaxamento, na libido, no apetite, na concentração e desenvolvimento mental, nas emoções e muito mais.


Ciclo da Lua Branca e Ciclo da Lua Vermelha (ou Negra)

Entretanto, nas mulheres esta conexão se dá de forma mais intensa de acordo com seu ciclo reprodutivo.

Não aprofundei na origem dos conceitos Ciclo da Lua Branca e Ciclo da Lua Vermelha (ou Negra), mas pelas minhas pesquisas em grande parte atribuem-se os conceitos à literatura de Miranda Gray.

A mulher pertencente ao Ciclo da Lua Branca é a mulher que tem seu ciclo reprodutivo quase que idêntico às fases lunares, ou seja, tem seu período de ovulação e fertilidade na Lua Cheia e seu período lúteo (menstrual) na Lua Nova ou nos 3 dias que a precedem, sendo estes três dias chamados de fase da Lua Negra, pois não há visibilidade alguma no céu, é um período de encerramento, morte.

Já a mulher pertencente ao Ciclo da Lua Vermelha é a mulher que possui o ciclo ao inverso das fases lunares, sendo assim, a mulher tem a sua menstruação na Lua Cheia e a sua fertilidade se dá na fase escura da lua (Lua Negra ou Lua Nova).

É importante que se confirme a lua da ovulação (e não só a da menstruação) para identificar exatamente a que ciclo a mulher pertence, pois existem mulheres de ciclos mais longos e mais curtos, e mulheres com ciclos mistos destes dois tipos ou em transição (muitas vezes por períodos de mudanças internas, de alimentação, desmame de anticoncepcionais, etc), o que posso dizer de minha experiência é que com o tempo o ciclo se adapta quase que perfeitamente a um destes dois, podendo mudar ao longo da vida de um para o outro conforme for necessário.

A grande dúvida da maioria das mulheres é: o que isto significa afinal? O que a Lua me traz sendo da Lua Branca ou da Lua Vermelha? Como me conectar com esse ritmo? Especialmente as da Lua Vermelha, o ciclo inverso, como conectar-me com a Lua Cheia, com a fertilidade da natureza enquanto passo por meu período de morte, de transformação?

Pensando nisso, trouxe então, como dito, dois arquétipos dos Arcanos Maiores do Tarô, que, como a maioria deve saber, mais do que um instrumento divinatório, é um instrumento de autoconhecimento e evolução com simbologias milenares oriundas da antiga Cabala e das antigas sociedades secretas de magia.


Os Arquétipos d'A Imperatriz (A Mãe) e A Sacerdotisa (A Bruxa)


Imagem das minhas lâminas do Tarô de Waite.


A Imperatriz (Mulher da Lua Branca):

A Imperatriz é a personificação do arquétipo da Mãe, da criação e da criatividade, aquela que acolhe, está ligada ao amor conjugal, familiar, é o feminino criador integrado ao masculino, está mais ligada a energia material e externa.

A mulher da Lua Branca é a que tem seu ciclo conforme o ciclo da Lua, está fértil quando toda a terra fertiliza-se (na Lua Cheia), e tem sua fase de morte/transformação na lua escura, seguindo o ritmo lunar, ou seja, esta energia expansiva e criativa da Lua Cheia é usada para criação externa, maternidade, são mais expansivas, espontâneas e sociais.

A Sacerdotisa (Mulher da Lua Vermelha ou Negra):

A Sacerdotisa representa a intuição, a face donzela da Deusa, mas não uma donzela ingênua, uma mulher de vocação sacerdotal, uma mulher de conhecimento, uma mulher que muitas vezes "abre mão" do conforto do amor familiar e conjugal para viver a Verdade do amor incondicional, do amor divino, está para além de bem e mal, em alguns baralhos ela possui aparência pouco mais madura, é também chamada de A Papisa.

A Mulher da Lua Vermelha ou Negra é aquela que tem o ciclo da sua lua inverso ao da Lua cósmica, ou seja, quando toda a vida está fértil sob a influência da Lua Cheia, a mulher em seu período lúteo volta para si mesma, é uma fase muito psíquica, o desenvolvimento é interior, e em sua fase de criação a Lua encontra-se em sua fase escura, de forma que esta energia de criação na mulher deste ciclo é sempre canalizada para o interior, para o intelecto, com fins de transformação, mesmo a sexualidade é mais voltada para si do que para o outro, mais ligada à magia e a prática espiritual do que à concepção.

Como eu já disse antes, as mulheres podem oscilar ao longo da vida entre estas duas formas de ciclo, ou ainda uma mista, pouco comum. 


Anticoncepcionais

Por minha experiência pessoal posso dizer que quanto maior é a observação dos sinais do corpo, mais alinhado fica o seu ciclo, é um estudo de si mesma, ainda enquanto método de contracepção natural eu recomendo o Simpto Termal que consiste na análise da temperatura basal, mais a análise do muco cervical e a abertura e posição do cérvix (deixando claro que estes métodos não protegem de DSTs), através da temperatura basal é já facilmente notado o período de ovulação, e a análise do muco também é uma das mais simples formas de saber quando se está ovulando.

O uso do anticoncepcional impede um fluxo natural e inibe uma atividade do corpo da mulher que é a ovulação, o que causa desequilíbrios energéticos e físicos, sem falar nos riscos à saúde que hoje já são conhecidos e comprovados, há um aumento muito grande de mulheres com cistos, tromboses e outros problemas.


Falo especialmente para aquelas mulheres que tomam comprimidos que inibem inclusive a menstruação, isto é muito prejudicial energeticamente, é sabido primordialmente entre as sociedades tribais que no período de Lua a mulher está fazendo uma limpeza energética em si própria e em todo o ambiente, por ser receptiva por natureza (polo negativo) e especialmente nesse período, o bloqueio do fluxo menstrual não bloqueia esta função, mas bloqueia o fluxo de energias, o que faz muitas vezes com que a mulher viva numa espécie de "TPM eterna", absorvendo energias e não dando vazão a elas para que sejam transmutadas através do fluxo do Sangue Sagrado.

O corpo leva de 4 meses a 1 ano para se purificar da substância do anticoncepcional e regular o ciclo menstrual, a depender do medicamento utilizado, e especialmente se sua dosagem hormonal era alta ou baixa, e do tempo em que a mulher vinha o utilizando.


Plante sua Lua

Ouvi num ritual de mulheres recentemente por uma madrinha muito querida a seguinte frase "houve um tempo em que o único sangue derramado sobre a Terra era o sangue da Lua, quando não existiam guerras", esta frase toca muito.

O nosso sangue é o nosso DNA, a nossa energia contida ali, a nossa ancestralidade, e nós descartamos este sangue como lixo, sem falar no verdadeiro acúmulo de lixo que é o que se faz com o uso de absorventes descartáveis, que também são prejudiciais ao nosso corpo em suas substâncias que provocam alergias, aumento do fluxo, mau cheiro e mesmo o desconforto e as cólicas.




Sempre existiram alternativas mais naturais, porém isto não é incentivado por nosso sistema que se confunde em comércio e medicina por vezes. Você pode usar toalhinhas, hoje já existem bioabsorventes fabricados em maioria artesanalmente no formato de um absorvente descartável, custam em torno de R$ 10,00 a R$ 20,00 cada um e tem longa duração. E outra alternativa são os coletores menstruais que são copinhos de silicone reutilizáveis e totalmente atóxicos que são inseridos no canal vaginal de forma que o sangue sequer chega a entrar em contato com a parte externa, ganha em conforto e praticidade também, custando em torno de R$ 80,00 a R$ 150,00, têm duração de até cerca de 8 anos ou mais.


















Plantar a sua Lua é devolver o seu sangue para a Mãe Terra, tanto como fertilizante para as plantinhas, mas também em gratidão e transmutação de energias antigas, esta é a melhor maneira de descartar o seu sangue menstrual, existem muitos ritos, existem mulheres que armazenam seu sangue em vasos menstruais, que montam altares menstruais, tudo vai depender da sua disposição e das tradições as quais você possui afinidade, mas honrar o seu Sagrado Feminino é sempre uma benção.


* Observação importante: As datas de fases da Lua marcadas nos calendários tradicionais marcam a data do ápice daquela determinada fase da lua e não o seu início, sendo o seu início então 3 dias antes da data marcada no calendário e seu final 3 dias depois desta data, totalizando assim os 7 dias de uma fase lunar.


Alguns links que podem ser do seu interesse:




quarta-feira, 22 de abril de 2015

V. Neoxamanismo

Boa tarde, pessoal!

Com um pouquinho de atraso (perdão, rs..), segue o quinto artigo da série sobre o Xamanismo!
Apenas lembrando que até o momento fizemos de início uma breve introdução, falamos sobre a Enteogenia, o Sagrado Feminino e o Xamanismo no mundo, e o próximo tema será a Terapêutica.
A série está acabando, porém muito em breve publicarei dois artigos a parte especiais, um sobre a Ayahuasca e outro sobre o Rapé, fico no aguardo dos seus feedbacks! ;)

Bons estudos, aho! _/|\_

Clique para ler a Introdução ao Xamanismo.



V. NEOXAMANISMO


Todo Xamanismo praticado hoje em dia fora de contexto tribal isolado é Neoxamanismo.

Basicamente, Neoxamanismo = Xamanismo Novo/Atual/Contemporâneo.

De forma genérica podemos dizer que o Neoxamanismo abrange quase todas as doutrinas e práticas religiosas, senão todas, porque Xamanismo é prática e não sistema, portanto, não há regras, mas de um contexto mais exclusivo, podemos chamar de Neoxamanismo aquelas doutrinas ou práticas de religiosidade ecléticas onde o Xamanismo é muito presente, como base dos cultos/ritualística.

Como exemplo, podemos citar hoje a doutrina do Santo Daime (Alto Santo) que é uma das mais populares, e outras práticas Neoxamânicas que são atualmente realizadas em centros/templos espirituais ditos Xamânicos ou Universalistas, aonde principalmente trabalha-se com as Sagradas Medicinas indígenas, em especial a Ayahuasca, algumas trabalham também com outros enteógenos, mas principalmente com vegetais, dança, musicalidade, transe, mediunidade, etc.

A grande diferença é que o Neoxamanismo, especialmente no Brasil, abraça a diversas culturas, religiões e divindades, desde panteões de Deuses nórdicos, africanos, e outros, até o contato com seres extraterrestres, Mestres Ascencionados, Anjos e Arcanjos e muito mais. Podemos dizer, em geral, então, que o Neoxamanismo é quase sempre uma forma de culto Universalista, adogmático que reconhece o Divino em todas as formas possíveis e imagináveis com todo o respeito e reverência, mas também com herança tribal, sempre focando no culto à natureza, à Mãe Terra, trazendo também à luz da evolução a cultura da Ecologia, como pilar de uma Nova Era que se aproxima.

O Xamanismo em contexto tribal (indígena) é na maioria das vezes também Neoxamânico, por ter traços (muitos ou poucos) da interação dos nativos com o homem branco, são poucas as tribos totalmente isoladas, ou que conseguem preservar totalmente a sua cultura sem nenhuma influência da civilização urbana, e isso não torna esse Xamanismo ruim, pois a interação também trouxe benefícios, como o aumento do público interessado na espiritualidade Xamânica e em curar-se, hoje se alcança maior número de adeptos devido aos meios de comunicação, por exemplo, e entre culturas e culturas, acabam fundindo-se no que há de melhor em cada uma.

Sendo assim, o Xamanismo tradicional não existe e nunca existiu, apenas se pensar do ponto de vista de uma única tradição, aí você encontra um tradicionalismo individual de determinada tribo (por exemplo), então dizer Neoxamanismo é apenas uma questão de nomenclatura para designar o Xamanismo que é praticado na atualidade, muitas vezes adaptado e sistematizado em doutrinas e cultos "mais ou menos" livres.

O Xamanismo então desse ponto de vista poderia ser somente aquele praticado pelos primeiros seres humanos, provavelmente os homens das cavernas? Isto limitaria muito a ideia da prática, já que ocorreu como um fenômeno mundial em todos os cantos do mundo em diferentes eras e por diferentes tipos de agrupamentos, com cultos por vezes distintos, havendo apenas os pontos comuns que os tornam por fim, Xamânicos, entretanto, é como se não houvesse uma única base que deu origem a todo o Xamanismo, apesar de que, quando observamos as religiões e suas origens com profundidade, encontramos muitas semelhanças, de forma que todas são "versões" de uma coisa só, pontos de vista diferentes sobre uma Verdade que é Una.

Então, apenas por uma questão de estudo, para facilitar o entendimento, especialmente do neófito, separamos o Xamanismo como sendo as práticas antigas nativas, abrangendo também com flexibilidade alguns ritos indígenas mais tradicionais, com menos influência da nossa cultura, e o Neoxamanismo tratando-se das doutrinas e práticas livres Xamânicas mais sistematizadas, contemporâneas e em sua maioria urbanas.



Leia mais artigos da série sobre o Xamanismo:

I. Introdução ao Xamanismo 
II. Xamanismo e a Enteogenia (tradução em espanhol - Chamanismo y Enteogenia)
III. Xamanismo e Sagrado Feminino
IV. Xamanismo no Mundo
VI. Terapêutica Xamânica
VII. Autocura (Você é o seu próprio Xamã)
 

sábado, 11 de abril de 2015

A Solidão do Guerreiro


Boa tarde, irmãos!

Seguindo o fluxo de temas, hoje falo sobre a solidão no caminho espiritual.
Uma reflexão onde compreende-se que a solidão não é ruim, e em alguns momentos é necessária.
Sugiro a todos uma autoanálise, uma observação sobre seu próprio caminho, você não "tem que" se isolar, mas você não "tem que" fazer parte de algo senão da própria Universalidade.
Falo sobre cuidar da própria vida, aceitar a ingratidão e seguir em frente...

Reflitam e filtrem!

Aho!


A SOLIDÃO DO GUERREIRO

Siddhartha Gautama, o primeiro Buda, repousando sozinho sob a árvore aonde ele atingiu o Nirvana.


Buda era solitário, Francisco de Assis, Srila Prabhupada, Sai Baba de Shirdi, e a maioria dos iluminados que passaram pela Terra.

Jesus tinha seguidores (não amigos) e morreu sozinho traído por um deles.

Quer saber porque todas essas pessoas precisaram estar sozinhas para transcenderem?

Porque o caminho é só seu, e se você tiver que parar e refletir sobre o que acha um e outro você se perde, a busca é a SUA verdade, e ela não está fora, está DENTRO DE VOCÊ.

Se Deus em sua forma impessoal está em todas as coisas e pessoas, não há que se preocupar em cuidar da vida do outro, Atman está lá, não importa o quão ruim a pessoa possa ser, e Ele cuida, e cabe tão somente a Ele cuidar.

Por que cada um tem que cuidar de sua própria vida? Porque ninguém está só e desamparado nesse mundo, todo mundo carrega sabedorias ocultas, ancestralidade, poder, intuição, e quando você para de ouvir a si mesmo para ouvir os outros, você perde a sua identidade e conexão em si mesmo, se nem você com seu ego (eu inferior) é tão confiável, que dirá outro ser humano?

Quem é que tem a outorga de dizer alguma coisa sobre algo? Quem é o dono da verdade?

Você.

Sobre você mesmo.


É natural que no caminho amizades vão se perdendo, não se preocupe,  todos aqueles que não souberem caminhar ao seu lado mantendo uma confortável distância de respeito ao seu processo, não vão ficar por muito tempo.
Você pensa que sabe muito quando inicia em um caminho espiritual, mas poucos param e se dão conta de que o verdadeiro caminho é só.


A primeira falha é a vontade de abraçar o mundo, de consertá-lo, PARE!

O mundo é o que é, as pessoas são  o que são, quer mudar o mundo? Comece por você!

Já viu um monge bater na porta de alguém e dizer que veio trazer conhecimento, conselhos, iluminação? Não, sabe por que?

Porque isso cada um deve obter sozinho, porque isso não pode ser doado, pessoas não podem ser curadas senão quando se incentiva a sua autocura, ninguém tem poder sobre ninguém (nem pelo mal e nem pelo bem), isso é ilusão.

Quando o suposto mal comportamento do outro que em nada influencia em sua vida te incomoda demais, PARE, reflita, isso não é empatia, isso é vaidade!
Querer que as pessoas sejam como você é vaidade, achar que o seu modo é o modo certo é vaidade, ninguém pode saber sobre o que é certo ou errado, não nesse mundo dual.


Não sinta pena de ninguém e nem de si mesmo, você não sabe do merecimento de cada um, você não sabe da história de cada um, existe uma Lei que a tudo observa e é esta Lei quem vai julgar quem mereceu e quem não, não você.

A solidão é etapa importantíssima da vida de um caminhante espiritual, não estou tirando os méritos das religiões, simplesmente porque cada uma têm sua função.

Cada religião se ocupa em trazer para a luz da evolução cada diverso nível de sabedoria espiritual existente, sem que necessariamente uma se sobreponha a outra, o Sol brilha para todos.

Acontece que na vida de algumas pessoas chega um determinado momento ou pode ser que desde o princípio, as religiões e seus sistemas não mais lhe cabem, essa pessoa não é um rebelde, não é um ateu, essa pessoa entendeu aquilo que um "sacerdote" de qualquer religião passou a vida inteira tentando entender a partir de um sistema de crenças.

Os sistemas existem, e eles são necessários para a manutenção do Universo, não são bons e nem ruins, só que não são adequados para todos, há os que mais se afinam com um e outro e os que não se encontram em nenhum, esses, esses descobriram a Verdade dentro de si, isso é maravilhoso, mas infelizmente não é incentivado, por que acha que figuras como Jesus, Mahatma Gandhi e Joana D'Arc foram perseguidos e assassinados?




Existe uma sombra do mundo, existe um negativo "mal" que se equilibra com o lado bom do mundo como em uma balança, e cabe a cada um decidir de que lado quer estar, existem muitas pessoas servindo de instrumentos dessa sombra, não estou querendo pregar e nem causar terror, é a simples realidade da vida, e se tivermos a consciência disso com maturidade, melhor para nós, entendam, quem serve o bem SEMPRE será alvo de ataques dos opostos, porque indiretamente, estamos atrapalhando o "trabalho" deles, já ouviram que "árvore que dá fruto é a que mais leva pedrada"? É isso, aceite.

Se você se identifica com essas questões que apresentei, não se acanhe, mas também tenha cuidado com a soberba, Jesus nos disse "Vós sois Deuses", é natural...

Deixo algumas dicas para explorar e compreender melhor essa condição de Guerreiro Solitário...

Primeiro passo: Ser verdadeiro.
Se aceite, reconheça que você possui uma sabedoria e que você é sim especial, as pessoas não vão te incentivar a isso, mas você tem que ser verdadeiro consigo mesmo, você sabe, esta é a sua verdade.

Segundo passo: Aceite as pessoas como elas são.
As pessoas não vão te seguir como um salvador, elas vão te julgar, te criticar e te apontar o dedo, você será o principal alvo, aceite, e esqueça, só você conhece o que você caminhou até chegar aonde chegou, aceite a ingratidão, a incompreensão e continue fazendo o que deve ser feito.

Terceiro passo: Jamais se esqueça da sua eterna condição de aprendiz.
Por mais que você sinta coisas incompreensíveis, que você não consiga se enquadrar em sistemas religiosos e filosóficos, não pare de estudar, não pare de experienciar e de desenvolver, o caminho não tem fim, nem a morte é um fim, o caminho é um fim em si mesmo, continue em frente, quando você achar que sabe demais, que sabe o "suficiente" você já voltou uns 10 passos para trás, aí é que você não sabe de nada mesmo, a sabedoria consiste na compreensão de que ninguém é capaz de deter todo o conhecimento, e todos que tentaram caíram, entenda que estar um passo a frente de alguns em consciência não te torna melhor do que ninguém, é bem ao contrário, porque te torna menos individual, menos você ego, e mais você Cristo, você é um grande canal dos seres de Luz, e isso é uma grande responsabilidade para com o próximo e requer muita disciplina, você tem a obrigação de servir aos demais, a Humanidade, ao Universo, não de servir ao seu ego, aos seus caprichos pessoais.



Um adendo importante sobre o ambiente familiar: Sim, doutrinas espiritualistas têm nos revelado e é verdade, a família mais próxima, os parentes imediatos (pai, mãe, irmãos e cônjuge) quase sempre são as pessoas com quem você mais terá dificuldade e a explicação é que estes são os desafetos das vidas passadas com quem você têm de se conciliar, sim, mas não fique na zona de conforto e nem na posição de "vítima do destino", você não têm que viver com seus pais para sempre, Buda não fez isso, Jesus também não, e em algumas doutrinas Hindus as pessoas abandonam as suas famílias depois de certa idade para viver somente a espiritualidade, isso não inviabiliza esta teoria, e não se encerra em certo ou errado, simplesmente tudo há seu tempo, seus Karmas não precisam ser queimados através de punição, de sofrimento, através do caminho do amor há uma saída, ou seja, você não precisa viver aguentando pessoas incompreensivas e inconscientes para sempre para queimar os Karmas, se for necessário, se for o momento, siga o seu caminho, todo adulto abandona a casa dos pais, isso não quer dizer que abandonou aos pais, mas que fez uma escolha onde pode curar estas relações através do amor, da bondade, você não precisa estar fisicamente próximo a uma pessoa para perdoá-la e conciliar-se com ela, o perdão é algo interno, e acontece esteja você aonde estiver, tudo depende da sua própria disposição em aceitar o que é e transcender o sofrimento, Karmas não são eternos, tudo é cíclico, você passa um tempo em um lugar, pouco ou muito tempo e depois você continua, segue com gratidão e honra ao seu passado, o passado só pode ser curado quando você se coloca presente, consciente e responsável pelo que recebe do Universo, numa posição de neutralidade e paz interior.

Lembremos sempre do clichê: 

sexta-feira, 20 de março de 2015

III. Xamanismo e Sagrado Feminino

Boa tarde, amados!

Compartilho o terceiro artigo da série sobre o Xamanismo, o tão esperado Sagrado Feminino, possivelmente o próximo será Xamanismo no Mundo, a série vai continuar sendo postada quinzenalmente, porém as postagens do blog agora serão semanais pelo aumento do fluxo de conteúdos!

Em breve postagens também sobre vegetarianismo e veganismo, e resenhas de alguns produtos naturais. :)

Clique para ler a Introdução ao Xamanismo.

Bons estudos! Aho!

III. XAMANISMO E SAGRADO FEMININO





Após esclarecidos os principais temas dessa série que é o introdutório ao Xamanismo e sua mais forte característica que é a Enteogenia e a expansão de consciência, vamos falar sobre um tema muito bonito e muito diverso que permeia também sobre as culturas xamânicas, o Sagrado Feminino.

Porque o Sagrado Feminino é algo tão forte no Xamanismo? Pela sua origem nas civilizações tribais, daí encontramos a origem do Sagrado Feminino, se é que pode-se dizer que ele um dia foi "criado", creio mais que ele seja algo que sempre existiu em si mesmo e que para sempre existirá.

No princípio, quando o ser humano não possuía a racionalidade desenvolvida como se dá nos dias de hoje, todas as suas práticas e ações se davam por instintos, intuição e observação da natureza, assim como hoje vivem os animais, e algumas tradições indígenas que tentam preservar esta conexão natural. Desta forma viviam a base de um dos primeiros sentimentos mais naturais, o medo, especialmente o medo do desconhecido (tão enraizado em nós até hoje) e foi assim que os humanos foram aprendendo a rezar, o principal medo era de que o Sol não voltasse a aparecer, e assim foram sendo criados rituais para honrar ao Deus Sol, para que o povo nunca tivesse que viver na mais profunda escuridão.

Em algum momento na pré-história ocorreu que começaram a se questionar sobre a origem de si mesmos, dos animais, e assim, do Universo. Observando a natureza e o que havia em comum entre ela e os humanos, percebeu-se que o ser fêmea era aquele que tinha o poder de criar, de conceber uma outra vida, logo, a mulher foi talvez tida como Deusa, a detentora dos mistérios da criação, afinal, de início não percebeu-se de cara qual era a participação do homem no processo de gestação, e sendo assim, sendo a mulher a criadora da vida, seria ela a mesma que também ceifa a vida daqueles que não merecem mais estarem na Terra por alguma razão, a mulher era temida e respeitada, mas muito mais reverenciada. Além dos animais (que muitos têm órgãos reprodutivos semelhantes aos dos humanos), a flora, as montanhas, as paisagens, tudo passou a ser associado com o feminino, porque em verdade, assim o é, a natureza é primordialmente feminina, gestadora.





Um dos maiores mistérios femininos a ser observado no princípio da história: ela sangra! Quem nunca ouviu aqueles velhos ditados do tipo "como confiar em alguém que sangra por 7 dias e não morre?", havia de ser algo muito sagrado mesmo (deveriam pensar os homens pré-históricos), e assim a primeira ideia do que seria uma Divindade foi associada obviamente ao feminino, e assim por anos e anos foram as sociedades matriarcais ou matrifocais, enquanto os seres humanos iam desenvolvendo-se intelectualmente.


Daí a associação com o Xamanismo, porque afinal, sendo o Xamanismo o princípio de toda a religiosidade, o mais intrínseco e inato culto a Divindade-Natureza, a Mãe-Terra, só podemos dizer que o Sagrado Feminino é parte fundamental do Xamanismo e que a partir dele é que foram criando-se rituais e doutrinas de culto ao Feminino Sagrado.

O Sagrado Feminino jamais pode se limitar ao ser humano mulher, pois é muito mais do que isso, é o próprio princípio gestador e criador do Universo e da Natureza, abrangendo TAMBÉM o ser mulher, e logo, o ser homem, os animais machos, pois tudo provém do Feminino e tudo o contém, todo macho nasceu de uma fêmea, até mesmo em nossos genes se pararmos para uma reflexão: Por que mulher XX e homem XY, em vez de YY?




Com o desenvolvimento de uma religiosidade um pouco mais elaborada nas civilizações, quando os humanos passaram a reunirem-se em tribos e formarem famílias e comunidades foi muito explorado nas mulheres os dons espirituais (clarividência, clariaudiência, psicofonia, incorporação, vidência através de oráculos, cura, etc), é aí que surge a ideia da Bruxa, da Velha Curandeira, e através das tradições orais mulheres foram passando de mãe para filha as sabedorias mais ocultas do feminino. Sendo a natureza feminina, quem haveria de ter o dom de manipulá-la? A mulher.

As civilizações tribais antigas possuíam, e algumas ainda possuem uma visão de mundo completamente diferente da urbana e atual, como se vivessem em uma espécie de dimensão diferente, pois sua religiosidade é tão enraizada que não existe a separação de profano e sagrado, todos os atos são sempre sagrados, é como se a sua psique funcionasse de forma diferente, e isso é algo que fica muito claro também nas narrativas de Carlos Castañeda. Então, além dos dons espirituais mais conhecidos pelos meios urbanos, era explorada também entre as mulheres a religiosidade e a sacralidade em atos hoje talvez considerados comuns como trançar os cabelos umas das outras, tecer e fiar roupas e acessórios (com suas grafias e desenhos igualmente sagrados), fabricação de artesanatos diversos para uso comum como cestos e utensílios de cozinha, o ato de cozinhar e até mesmo o ato sexual, entre outras práticas comuns.

E por diversas razões fundadas sempre no ego humano, o nosso grande opositor, o verdadeiro mal do mundo, o eu inferior (quando não devidamente "controlado"), o matriarcado caiu com o tempo e surgiu o patriarcado, não vou aprofundar nas razões nesse momento, pois pretendo discorrer melhor sobre esse assunto na série de artigos exclusiva sobre o Sagrado Feminino que virei a escrever em breve, mas podemos dizer que após essa transição a mulher de respeitada e honrada passou a mais do que nunca ser temida por seus poderes, o que resultou em anos de opressão, perseguição e violência, e foi aí que perdemos grande parte de nossa sabedoria oculta, perdemos o próprio respeito pelos nossos mistérios e muitas passaram a odiarem e rejeitarem os seus próprios corpos, sua menstruação, sua capacidade de conceber, a ideia de ser mãe, de cozinhar, porque a mulher foi tão diminuída nessas qualidades que a própria mulher não é capaz muitas vezes de ver a sacralidade nesses atos, que hoje causa até vergonha, a mulher hoje quer ser como o homem, porque o patriarcado faz parecer que o homem é superior, então a mulher raramente busca se empoderar em si mesma, mas na ideia de ser "igual" aos homens (sem entrar na questão da orientação sexual ou identificação de gênero diversa, pois são situações igualmente diversas, mas falo de mulheres heterossexuais que se identificam com o gênero mulher, mas frequentemente rejeitam o que é inerente ao feminino por conta da deturpação patriarcal, que faz-nos ver como as "Amélias" quando somos as mulheres "do lar").

Cada mulher é diferente em sua personalidade, há mulheres que gostam de aventura, de trabalho pesado, e há mulheres de personalidade delicada, e ambas possuem o Sagrado Feminino em si, os arquétipos das Deusas são totalmente diversos em quase todas as tradições, elas não seguem um padrão, assim como mulher nenhuma deve seguir um padrão, especialmente falando das tradições nativas brasileiras (as quais mais me afino), temos a Jurema representada como a Mãe Divina no culto de uma árvore sagrada, sua lenda conta a história de uma mulher guerreira, que foi Cacique de sua tribo e morreu sob a flecha que seria atirada no homem amado. Sobre essas questões quero dizer que a mulher pode ser o que for, que ela não deve se envergonhar e muito menos se diminuir por conta de trabalhos inferiorizados pela sociedade como "coisa de mulher", porque coisa de mulher é coisa muito sagrada, basta aprofundar e conhecer, e mais do que isso permitir-se e quebrar pré-conceitos.




Hoje o culto ao Sagrado Feminino vêm voltando muito forte, na Nossa Senhora da Conceição cultuada na doutrina do Santo Daime, nas Yabás de Umbanda e Candomblé, nas Deusas da Wicca e outras tradições mais voltadas a um Neoxamanismo ou Bruxaria, há quem diga sobre o efeito que isso têm sob a transição planetária e a ideia de uma Nova Era, onde o que reina é a igualdade para TODOS. Em muitas tradições vemos ao lado da divindade masculina uma mulher que representa o Amor Divino, o Amor por Deus, ou de Deus (Maria, Maria Madalena, Radharani, Tulasi Devi, Oxum, etc), só se chega a Deus pelo Amor (representado pela Mãe/Deusa), só se chega a Deus pela Deusa, o Feminino é a mais pura personificação do Amor na Terra e ele está vivo em todos nós.

O Sagrado Feminino retorna nos cultos Neoxamânicos nos círculos/rodas de mulheres através dos cantos, tambores e outros instrumentos musicais, dança circular e outras danças, partilha do cachimbo sagrado, partilha de vivências, conversa, palestras acerca de tratamentos naturais com ervas, rituais com a Sagrada Ayahuasca, Sagrado Rapé e de Temazcal (Tenda do Suor) só para mulheres, trabalhos de cura do Feminino, estudo de arquétipos inconscientes do feminino na forma de contos e histórias, reavivando também pinturas sagradas corporais de tradições indígenas, parto natural humanizado e ritualístico e muito mais.


Salve a nossa Grande Mãe Terra! Salve a Divindade Interior Feminina que nos habita!

Ryshy Kay Ará! _/|\_


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